
A capoeira nasceu da vontade de libertação de um povo sofrido, mas com muito orgulho de suas origens que, mesmo longe de sua terra natal, conseguiu, a través dos anos, preservar seus rituais, tradições e existência cultural.
Junto com as necessidades e conhecimentos que adquiriram na nova terra, criaram movimentos de ataque e defesa, junto à destreza que já existia dentro de sua existência. Desta forma, conseguiam aperfeiçoar seus movimentos, camuflando-os dos senhores de escravos e capatazes até o momento em que se rebelavam.
A Capoeira é de origem Brasileira ou Africana? Este é um assunto polêmico no panorama da capoeiragem. Existem correntes que afirmam ser genuinamente Brasileira, criada em torno de 1600 pelos escravos originários da Angola. A mistura bem sucedida de luta, dança e rituais diversos deram origem ao que hoje conhecemos como capoeira.
Outros estudiosos defendem a sua origem como sendo na África; pois, existem danças semelhantes à capoeira como a Baçula, Camangula, N´golo (danças da zebras) entre outras. Mas esta simples afirmação não se torna um embasamento completo para se determinar que a capoeira é africana. O fato originário destas questões polêmica foi a incineração de todos os documentos relativos ao período da escravidão pelo então ministro das finanças Ruy Barbosa por volta de 1890.
A questão da origem da capoeira ao que tudo indica já está resolvida. É tida como uma manifestação cultural genuinamente brasileira, apesar de suas raízes serem de origem africana. A história da capoeira se confunde com a própria origem, independente de onde ela tenha nascido, a capoeira tornou-se uma cultura difundida entre os escravos da época, tão forte que foi capaz de servir com forma de libertação. Os negros precisavam ofuscar aos olhos dos senhores de engenho de que aquilo que praticavam não era propriamente uma luta, e sim uma manifestação de dança e rituais referente a sua cultura. Para tal, uniram aos golpes, música, ginga, malícia e toda mandinga daquele povo sofredor.
A capoeira foi de grande valia na fuga dos negros para os quilombos. Os capatazes e capitães-do-mato, na tentativa de capturá-los entravam na mata e eram surpreendidos por emboscadas dos negros capoeiristas. Além de servir com arma nas fugas, a capoeira serviu também para tentar proteger os quilombos quando os capitães-do-mato descobriam a sua localização.
Com a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel em 1888, os negros tornaram-se livres. Porém, como é de conhecimento, isto não aconteceu na prática; este povo ainda permanecia escravizado através da falta de empregos, de oportunidades, de moradia, de mínimas condições de sobrevivência. Sendo assim, os negros marginalizados passaram a utilizar a capoeira como arma para saquear, roubar e tentar sobreviver a um sistema de discriminação.
Os capoeiristas eram vistos como vadios e delinqüentes, desta forma, começou o processo de degradação da imagem da capoeira, sendo por vezes cultuada erroneamente até os dias de hoje.
Histórico da Capoeira
Depois da descoberta, a terra ganhou o nome de Brasil. Foram trazidos escravos traficados da África ao Brasil em navios negreiros, para trabalharem a terra, construir os engenhos, abrir o mato e fazer a produção para o senhor de engenho que o comprasse.
Esses negros até chegarem ao Brasil sofriam muito, e vários morreram antes mesmo de chegar aqui. Separados de suas famílias, eram colocados junto com escravos de outras maltas (tribos) com costumes diferentes. Eles vinham amuntuados, jogados nos porões dos navios até desembarcarem nos portos brasileiros.

Navio Negrero
Nos portos eles eram vendidos e assim distribuídos por várias regiões do país. Trabalhavam muito, comiam pouco e muitos se revoltavam. Estes, se conseguissem fugir, iriam para o mato onde sua liberdade o esperava; se não desse certo a fuga seriam massacrados na frente dos outros escravos até a morte. Assim avisando aos outros o que aconteceria se tentassem fugir.
O mato era sua moradia, pois era parecido com o da África. Essas fugas foram favorecendo cada vez mais a organização dos negros, que foram formando os quilombos, as cidades dos escravos. Se conseguissem chegar até lá seriam guerreiros e estariam com sua liberdade assegurada.
Nesses Quilombos o negro podia cantar, dançar e continuar com seus costumes, o que antes não lhe era permitido por seus “senhores”. Também tinham que saber de suas tarefas, pois os caçadores de escravos sempre os atacavam, e para eles as armadilhas estavam sempre prontas.

Choza de Quilombo
Assim os negros garantiam sua liberdade por muitos anos, chegando até a estarem em 50.000 escravos fugitivos com um terreno que abrangia três estados, Sergipe, Pernambuco e Alagoas, isso no seu maior quilombo, o de Palmares, onde o governo realizava as mais temíveis investidas.
Muitos anos se passavam e muitas investidas foram feitas até que o governo conseguiu separar o povo, pois garantiu a liberdade para quem fosse ao mar (vale do Cacuá). A outra parte do povo, que não seguiu com Ganga Zumba ao vale, não acreditando nas promessas do governo, resistiram com Zumbi até a destruição de Palmares. Sua cultura vive até hoje com os costumes deixados.
A capoeira entra aí, é a luta que os escravos praticavam para se defender. Nas suas brincadeiras, diversões, alegrias, risadas e nas sua busca pela paz, estavam sempre treinando a capoeira. Com ela conseguiam relembrar do seu passado, de sua terra natal e de sua liberdade.Treinavam para ter os braços, as pernas e todo o corpo a disposição de sua mente, podendo lutar de qualquer esconderijo contra o capitão do mato, que de mato conhecia menos que os escravos que lá moravam.
Na época da escravidão a prática da capoeira foi perseguida a ferro e fogo. Porém, depois de passado este período, a capoeira ainda continuou a ser alvo de poderosos que tentavam dar-lhe um fim, impondo leis à sua prática. O código penal de 1890, criado durante o governo do Marechal Deodoro da Fonseca, fazia proibição à prática da capoeira em todo o território nacional e, reforçado por decretos que impunham penas severas aos capoeiristas, este código só fez aumentar o ódio às perseguições dos chefes de polícia que tentavam a todo custo fazer valer a lei contra os capoeiristas. O motivo de tanta perseguição era o que a capoeira trás em toda a sua essência, a liberdade. Mesmo passando por todas estas provações, a capoeira resistiu e se firmou até os dias atuais. De luta proibida antigamente, a capoeira passou a ser um esporte, ou melhor, o esporte nacional. Genuinamente brasileira, a capoeira hoje é uma “potência” que dá aos seus praticantes mais fiéis um meio de vida e sustento, sem luxo, mas com dignidade e respeito. Hoje, o esporte capoeira é praticado no Brasil de norte a sul e, mundo afora, a capoeira já conquistou países como Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Suíça, Inglaterra, Japão, Portugal, Espanha, Israel, Itália, França, Suécia, Austrália, dentre outros. Do crime reprimido à duras penas ao esporte praticado pelo mundo afora, esta é a capoeira, uma herança negra que todo mundo guarda em si como um grande tesouro.
A Descriminalização da Capoeira
Dos tempos da escravidão pra cá, muita coisa aconteceu no mundo da capoeira. Foram crises, proibições, perseguições, liberações, etc. Atualmente, a capoeira é reconhecida e praticada mundialmente por um número incalculável de pessoas. Porém, existem pontos a serem discutidos e melhor evidenciados. Dentre eles, muitas coisas que as pessoas falam, mas, que até agora, não disseram realmente nada. A libertação de uma arte – Foi em nome da liberdade para a capoeira como um todo que a luta continuou e continua até hoje. Mesmo sob o ferro da repressão, grandes nomes de capoeiristas célebres passaram para a história. Entre estes estão nomes que já se foram como: Mestre Pastinha, Mestre Bimba, Mestre Gigante, Manduca da Praia, Mestre Leopoldina, Pedro Cobra, Nascimento Grande e Besouro Mangangá. Sem usar armas, a capoeira bateu-se esse tempo todo contra a injustiça que perseguia seus praticantes. Hoje a capoeira é arte, arte livre e pura que trás em seu íntimo a luta de um povo pela própria liberdade de viver.

A Vitória de uma Cultura
No Brasil a capoeira cresceu num contexto de conflito no Recôncavo Baiano, nas fazendas do Rio de Janeiro e nas serras de Pernambuco. Através da saga dos quilombos foram aprimoradas técnicas de combate, dissimuladas nas senzalas, onde, diante dos olhos do feitor, era praticada a luta em forma de dança. No dia 31 de outubro de 1821, o intendente geral da polícia da corte recebia do príncipe regente, instruções para por fim às desordens provocadas pelos capoeiras. Cabe destacar que, além de muitos elementos oriundos de classes mais pobres, muitos rapazes da alta roda da burguesia cultivavam com entusiasmo a prática da capoeira que já estava criando raízes na sociedade carioca. Em 1890, com o advento da república, teve início uma ferrenha campanha contra a prática da capoeira, levando muitos jovens da sociedade a se transformarem em marginais, já que a capoeira era tida como crime. Devido a tanta proibição foram criados códigos e estratégias de comunicação através dos toques de berimbau, como o de Cavalaria (avisando a presença da polícia), ou através do toque Amazonas ou de São Bento Grande que dava aviso de área livre. Toda esta perseguição era na verdade preconceito, racismo e luta de classes, misturados com medo e ignorância por parte daqueles que se sentiam ameaçados com o fortalecimento da cultura afro-brasileira. No entanto, em 1937, o então presidente Getúlio Vargas, revogou a lei Sampaio Ferraz, liberando a capoeiragem. Isto depois de assistir a uma apresentação de Mestre Bimba e de seus alunos. Esta apresentação deixou Getúlio Vargas muito impressionado com a beleza da arte da capoeira, dando licença a Mestre Bimba para registrar sua “escola”, tornando-se o primeiro a sistematizar o ensino da capoeira no Brasil. Mestre Bimba introduziu inovações no jogo, golpes e contra-golpes, o atabaque, o berimbau, o agogô, o reco-reco, destituindo do jogo rituais como a ladainha, por exemplo. Era a capoeira Regional. O estilo Angola resiste e permanece até hoje como a expressão primeira da capoeira. Comparações à parte, o que importa mesmo é a vitória desta cultura tão rica e tão importante que é parte maior da atual cultura brasileira.

Mestre Bimba y el presidente brasilero
Quilombo de Palmares
A partir das lutas com os holandeses, o destino do grande quilombo de Palmares aparece ligado à família da princesa Aqualtune, que foi trazida ao Brasil como escrava, fugiu do cativeiro e foi nomeada a primeira líder de Palmares. Dois de seus filhos, Ganga Zumba e Gana Zona tornaram-se chefes dos mocambos mais importantes do quilombo. O mais provável é que tenham recebido estas chefias de herança. Como em algumas tribos africanas a sucessão não se fazia de pai para filho e sim de tio para sobrinho, Ganga Zumba e Gana Zona devem ter substituído algum irmão de Aqualtune, do qual até hoje nenhum registro foi encontrado. Mas Aqualtune também tivera filhas e uma delas, a mais velha, que se chamava Sabina, deu-lhe um neto, nascido quando Palmares se preparava para mais um ataque holandês, previamente descoberto. Por isso, os negros cantaram e rezaram muito aos deuses, pedindo que o Sobrinho de Ganga Zumba, e, portanto, seu herdeiro, crescesse forte. E para sensibilizar o deus da guerra, deram-lhe o nome ZUMBI. A criança cresceu livre e passou sua infância ao lado de seu irmão mais novo chamado Andalaquituche, em pescarias, caçadas, brincadeiras, ao longo dos caminhos camuflados, que ligavam os mocambos entre si. Garoto ainda, Zumbi conhecia Palmares inteiro. Suas árvores, seus rios, suas plantações e aldeias.
Os anos corriam tranqüilos para Zumbi, que da escravidão só conhecia as histórias terríveis, que os mais velhos estavam sempre a contar, lembrando da escuridão das senzalas, a umidade e a morte nos navios negreiros. Passam-se os anos e Palmares torna-se cada vez mais uma potência. Na década que se inicia em 1670, Palmares vive seu apogeu. Mais de 50.000 habitantes livres, distribuídos em vários mocambos. Zumbi e Andalaquituche, já homens feitos, chefiavam suas próprias aldeias. Nesse tempo, o crescimento do quilombo e as novas necessidades de defesa haviam transformado Palmares numa federação.
Ganga Zumba, que governava a maior das aldeias – Cerca dos Macacos – presidia o conselho de chefes dos mocambos e passou a ser considerado rei de Palmares. Sempre muito perseguidos, os negros que conseguiam chegar a Palmares e eram considerados livres, logo se transformavam em guerreiros, pois foram muitos anos de lutas sangrentas em defesa do quilombo. Tantas foram estas lutas, que doze anos mais tarde o velho Ganga Zumba via seu reinado ameaçado por uma espécie de força que Zumbi tinha e exercia sobre os guerreiros que seguiam muito mais as suas ordens do que as do rei Ganga Zumba. Certo dia Ganga Zumba divide a opinião dos palmarianos, pois queria partir com seu povo para o vale do Cacuá, o que era parte de um acordo de paz com os portugueses. Ganga Zumba sai de Palmares com um grupo muito grande de guerreiros, mulheres e crianças e se refugia no Vale do Cacuá, logo abaixo da Serra da Barriga, onde procura fundar um novo quilombo. Mas, os guerreiros que o acompanhavam começaram a se desentender com as ordens quase suicidas do velho Ganga Zumba. Ao ver que agiu errado se deslocando de Palmares, Ganga Zumba suicida-se tomando vinho envenenado. Com a morte de Ganga Zumba, os guerreiros voltaram para Palmares e se uniram a Zumbi. Foi quando se deu a batalha mais cruel de toda a existência do quilombo, fazendo com que fosse desfeita toda a soberania de Palmares.
Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695, vítima da traição de um de seus homens de confiança. Após a queda de Palmares e a morte de Dandara, a esposa de Zumbi, e de todos os seus três filhos, Zumbi se refugiou na mata, numa pequena caverna à beira de um riacho. Muito ferido da guerra e já sem muitas forças, tinha consigo apenas a ajuda de uma criança abençoada chamada Lualua, quando o seu traidor levou um dos homens do exército de Domingos Jorge Velho até o esconderijo de Zumbi. Este homem era André Furtado de Mendonça e levou Zumbi até Domingos Jorge Velho que o matou a sangue frio com dois tiros à queima roupa. Era o fim. A cabeça de Zumbi foi cortada e levada para a vila do Recife como prova do fim de Palmares e da rebeldia dos negros, que a todo momento eram ameaçados por feitores que diziam fazer com eles o mesmo que foi feito com Zumbi. Hoje, Zumbi é o símbolo máximo da liberdade para os negros do Brasil. Seu nome é o mais puro significado do que se diz ser livre e lutar pela própria liberdade.

Zumbi
“QUEM NASCEU PARA SER GUERREIRO
NÃO ACEITA O CATIVEIRO
LUTA PARA SER LIVRE
COM A FORÇA DE UM EXÉRCITO INTEIRO”
O JOGO DA CAPOEIRA
O jogo foi criado aqui mesmo no Brasil pelos escravos do grupo Bantú-Angolensses e Gongolensses e índios nativos. Desenvolveu-se como luta de revide, como resposta aos desmandos, ameaças e surras do feitor. Apenas a força e a capacidade física, braços e pernas, mão e pé, a cabeça, o cotovelo, os joelhos e os ombros eram suas armas. Segundo o professor Gerhard Kubik, da universidade de Viena, Áustria, antropólogo e especialista em assuntos africanos, não encontrou qualquer manifestação semelhante à Capoeira, que entre nós se faz acompanhado com o berimbau, chegando a considerar a expressão “Capoeira Angola” uma criação brasileira, sem qualquer conotação com a África. O nome Capoeira é de origem Tupi, que significa “mato ralo” de pequenos arbustos: lugar preferido dos negros, para o jogo.
A Roda de Capoeira
O berimbau dá ritmo ao jogo, e cada um de seus toques tem uma finalidade. Existem muitos toques, e um bom instrumentista sabe em média vinte toques. Existem toques solenes, sem compromisso e para armas brancas. Os toques obedecem um ritmo de três ou quatro pancadas, com algumas exceções como o “toque de Iuna”, que é continuo. Alem do berimbau, também fazem parte da bateria o pandeiro, o atabaque, o agogô e o reco-reco.
A roda de capoeira é uma figura geométrica fundamental, havendo nela, muito além de um significado esotérico apenas, um sentido pratico e funcional ou seja, além do fato de ser a roda um símbolo místico em si, existem aspectos eminentemente racionais no seu uso. Tanto na capoeira quanto em muitos outros rituais, o formato circular é utilizado, particularmente devido ao seu equilíbrio, deixando claro que, muitas vezes o sentido profundo está na simplicidade e nos fundamentos das formas.
A roda é, antes de qualquer outro aspecto mais profundo, uma maneira de harmonizar e equilibrar as formas e as energias presentes na capoeira, todos os presentes tem a mesma importância funcional (quer dizer não existe nenhum ponto na roda que seja privilegiado em termos de visão, de participação, por exemplo), além disso a disposição das pessoas na roda dão uma importante contribuição harmônica, a voz de todos tem uma participação igual, em termo de oportunidade, ficando claro que as diferenças são promovidas pelo volume ou timbre das vozes. Mas todos tem igual oportunidade de jogar sua voz na roda e com isso influenciar na energia que esteja no ar. Todos portanto, são igualmente importantes na roda de capoeira.

Roda antigua
Capoeira Angola
A Capoeira Mãe. Tenta compreender e expressar o respeito pela sua eficiência e identificar suas peculiaridades e distinções. É preciso que seja esclarecido, o que já é sabido pôr muitos, mas ignorado por outros tantos, que o jogo lento e baixo não é jogo de Angola. A Angola poderia ser definida como um estado de espirito distinto, onde o jogo é implícito, ao contrario da regional, onde ele se mostra explícito. Onde se joga mostrando uma parte e escondendo outra. E, da mesma forma que a verdadeira Capoeira Regional, se busca o respeito pelos rituais da capoeira. Por isso a capoeira Angola verdadeira é uma manifestação essencial e sempre autêntica.
Voltando ao jogo em si, os angoleiros (ressalva: os verdadeiros angoleiros, fiéis aos princípios das escolas de Angola tradicionais) nunca começam a jogar enquanto alguém estiver cantando uma ladainha, e se estiverem jogando e alguém começar a cantar uma, imediatamente retornam ao pé do berimbau e só saem quando a ladainha acabar. O princípio dessa atitude é muito simples: a ladainha é uma mensagem, muitas vezes para quem vai jogar, é um pedido de proteção, é um desafio, por isso é sagrado o dever do jogador escuta-lá antes do jogo. A angola também não tem pressa, e os angoleiros deixam o jogo fluir, evoluir, sem qualquer tensão com o tempo.
Outro equivoco muito comum que se comete é o de que Angola deve ser feita no nível de movimentação baixa, próximo ao chão, que seja sempre jogo baixo. O fato de jogar alto ou baixo é uma consequência do andamento do jogo e não regra, onde alto seja Regional e baixo seja Angola. Como a duração do jogo de Angola é maior e ela conta com toques de ritmos mais lentos – como o São Bento Pequeno e o próprio toque de Angola o jogo acaba durando mais e, com isso, fica maior a chance de se evoluir no jogo, seja jogando alto, ou jogando baixo. Seu maior cultivador foi Vicente Ferreira Pastinha Mestre Pastinha (1989). 1981).
Capoeira Regional
O jogo Regional, se caracteriza por ser jogado sob os toques da Capoeira Regional: São Bento Grande, Benguela, Iúna, segundo os princípios desenvolvidos pelo seu criador, Manoel dos Reis Machado – Mestre Bimba(1900 – 1974). Não basta ser rápido qualquer toque para que se transforme em regional o jogo. Tem regra, tem jogo específico para os toques específicos, tem fundamentos próprios. Jogo Regional pode ser de fora, como também pode ser de dentro. Pode ser alto ou baixo. Mas tem que ser marcado, sincronizado no toque do berimbau único que segura a roda e dá ritmo ao jogo. Não tem que disparar apressado que não possa mais cantar. Pode ser manhoso também. Regional tem força, garra, ritmo e muita ciência também
Personajes Legendarios
Ganga Zumba
Ganga Zumba foi o primeiro líder do Quilombo dos Palmares, ou Janga Angolana, no atual estado de Alagoas, Brasil. Zumba era um escravo que escapou do cativeiro nos canaviais e assumiu uma posição como herdeiro do reino de Palmares e o título de Ganga Zumba. Apesar de alguns documentos portugueses lhe darem este nome e o traduzirem como “Grande Senhor”, ele provavelmente não está correto. Entretanto, uma carta endereçada a ele pelo governador de Pernambuco em 1678, que se encontra hoje nos Arquivos da Universidade de Coimbra, chama-o de Ganazumba, que é a melhor tradução de Grande Lorde (em Kimbundu), e portanto o seu nome correto.
Os quilombos ou mocambos eram refúgios de escravos foragidos, principalmente de origem angolana (Angola), que se refugiavam no interior do Brasil, principalmente na região montanhosa de Pernambuco. À medida que seu número foi crescendo, eles formaram assentamentos chamados de “mocambos”. Gradualmente diversos mocambos se juntaram no chamado Quilombo dos Palmares, ou Janga Angolana, sobre o comando do Rei Ganga Zumba ou Ganazumba, que talvez tenha sido eleito pelos lideres dos mocambos que formavam Palmares. Ganga Zumba, que governava a maior das vilas, Cerro dos Macacos, presidia o conselho de chefes dos mocambos e era considerado o Rei de Palmares. Os outros 9 assentamentos eram comandados por irmãos, filhos ou sobrinhos de Gunga Zumba. Zumbi dos Palmares era chefe de uma das comunidades e seu irmão Andalaquituche comandava outra.
Por volta dos anos de 1670 Ganga Zumba tinha um palácio, três esposas, guardas, ministros e súditos devotos no “castelo” real chamado “Macaco” em homenagem ao animal que havia sido morto no local. O complexo do castelo era formado por 1.500 casas que abrigavam sua família, guardas e oficiais que faziam parte de nobreza. Ele recebia o respeito de um Monarca e as honras de um Lorde.
Em 1678, Ganga Zumba aceitou um tratado de paz oferecido pelo Governador Português de Pernambuco, o qual requeria que os habitantes de Palmares se mudassem para o Vale do Cucau. O tratado foi desafiado por Zumbi, um dos sobrinhos de Ganga Zumba, que se revoltou contra ele. Na confusão que se seguiu Ganga Zumba foi envenenado, muito provavelmente por um dos seus, por fazer um tratado com os portugueses. Os que se mudaram para o Vale do Cucau foram reescravizados pelos Portugueses. A resistência aos Portugueses continuou com Zumbi.

Film Ganga Zumba de Cacá Diegues
Zumbi

El quilombo dos Palmares, localizado en la actual región de União dos Palmares, Alagoas, era una comunidad autosustentable, un reino (o república según algunos) formado por esclavos negros que habían escapado de las fazendas brasileñas. Ocupaba un área cercana al tamaño de Portugal y se situaba en el por entonces interior de Bahia, actualmente estado de Alagoas. En aquel momento su población alcanzaba las 30.000 personas.
Zumbi nació libre en Palmares, Pernambuco, en 1655, pero fue capturado y entregado a un misionero portugués cuando tenía aproximadamente seis años. Bautizado Francisco, Zumbi recibió los sacramentos, aprendió el portugués y el latin, y ayudaba diariamente en la celebración de la misa. A pesar de las tentativas de civilizarlo, Zumbi escapó en 1670 y, a sus quince años, regresó a su lugar de origen. Zumbi se volvió conocido por su destreza y astucia en la lucha y yá era um estratega militar respetable cuando pasó los veinte años de edad.
En 1678, el gobernador de la Capitanía de Pernambuco cansado del largo conflicto con el quilombo de Palmares, se aproximó al líder de Palmares, Ganga Zumba, con una oferta de paz. Fue ofrecida la libertad de todos los esclavos que habían huido si a cambio el quilombo se pusiese bajo la autoridad de la Corona Portuguesa; la propuesta fue aceptada. Pero Zumbi miraba a los portugueses con desconfianza. Rechazó la libertad para las personas del quilombo mientras otros negros continuaban siendo esclavizados. Rechazó la propuesta del gobernador y desafió el liderazgo de Ganga Zumba. Prometiendo continuar la resistencia contra la opresión portuguesa, Zumbi se convirtió en el nuevo líder del quilombo de Palmares.
Quince años después de que Zumbi asumió el liderazgo, el bandeirante paulista Domingos Jorge Velho fue llamado para organizar la invasión del quilombo. El 6 de febrero de 1694 la capital de Palmares, Macaco, fue destruída y Zumbi herido.
A pesar de haber sobrevivido, fue traído por Antonio Soares.
Zumbi es sorprendido por el cap. Furtado de Mendonça en su reducto (probablemente la Sierra Dois Irmãos).
Apuñalado, resiste, pero es matado con 20 guerreros casi dos años después de la batalla, el 20 de noviembre de 1695.
Su cabeza fue cortada, salada y llevada, al gobernador Melo e Castro. En Recife, fue expuesta en la plaza pública, buscando desmentir la creencia popular sobre la inmortalidad de Zumbi.
El 14 de marzo de 1696 el gobernador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro le escribió al Rey: Determiné que pusiesen su cabeza en un poste en el lugar más público de esta plaza, para satisfacer a los ofendidos y justamente quejosos y atemorizar a los negros que supersticiosamente juzgaban a Zumbi como inmortal, para que entendiesen que esta empresa acababa del todo con los Palmares.
Zumbi es hoy, para la población brasileña, un símbolo de resistencia. En 1995, la fecha de su muerte fue adoptada como día de la Conciencia Negra en algunas partes de Brasil.
Es también uno de los nombres más importantes de la Capoeira.

Lampiao y María Bonita
Lampiao

O terceiro filho do pequeno fazendeiro José Ferreira da Silva e de sua mulher Maria Lopes recebeu o nome de Virgulino Ferreira da Silva e iria inscrevê-lo a ferro e fogo na história do nordeste e do Brasil. Antes disso, porém, teve uma infância e uma adolescência comum a todos os meninos de uma baixa classe média sertaneja: aprendeu a ler e a escrever, mas logo foi ajudar o pai, pastoreando seu gado.Freqüentava as feiras das cidades próximas às terras da família, onde ouvia os violeiros e os poetas de cordel narrarem as aventuras dos cangaceiros, que povoavam o imaginário popular nordestino, sendo simultaneamente heróis e bandidos. Aliás, para as crianças da região brincar de cangaceiro e polícia era uma variante local do atual “mocinho e bandido”.
As rixas entre famílias eram freqüentes no sertão, em especial quando envolviam questões acerca dos limites das propriedades e uma dessas rixas envolveu a família de José Ferreira da Silva com seu vizinho José Saturnino. Além de alguns tiroteios, o conflito terminou com a decisão de um coronel local em favor de Saturnino.
Revoltado, Virgulino e dois irmãos teriam se juntado ao bando do cangaceiro Sinhô Pereira, em busca de vingança. Corria o ano de 1920 e – devido a sua capacidade de disparar consecutivamente, iluminando a noite – Virgulino ganhou o apelido de Lampião. Possivelmente em função disso, a polícia cercou o sítio da família e matou seu pai a tiros. Resultado: Lampião e os dois irmãos entraram definitivamente para o cangaço.
Em 1922, Sinhô Pereira deixou o cangaço. Lampião assumiu a liderança do bando que praticou ações de banditismo nos quatro anos seguintes, atuando nos estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Em 1926, refugiou-se no Ceará e recebeu uma intimação do padre Cícero. Compareceu a sua presença, recebeu um sermão por seus crimes e ainda a proposta de combater a Coluna Prestes que, naquela época, se encontrava pelo Nordeste.
Em troca, Lampião receberia anistia e a patente de capitão dos Batalhões Patrióticos, como se chamavam as tropas recrutadas para combater os revolucionários. O capitão Virgulino e seu bando partiram à caça de Prestes, mas ao chegar a Pernambuco, foi perseguido pela polícia e descobriu que nem a anistia nem a patente tinham valor oficial. Voltou, então, ao banditismo.
Em 1927, encorajado pela própria fama, tentou invadir uma cidade maior do que as habituais: Mossoró, no Rio Grande do Norte. A população, porém, se uniu e rechaçou os cangaceiros. No ano seguinte, Lampião incluiu a Bahia nos locais onde praticava seus crimes.
Em fins de 1930 ou começo de 1931, escondido na fazenda de um coiteiro – nome dado a quem acolhia os cangaceiros – conheceu Maria Déia Nenén, a mulher de um sapateiro, que se apaixonou por ele e com ele fugiu, ingressando no bando. A mulher de Lampião ficou conhecida como Maria Bonita e, a partir daí, várias outras mulheres se integraram ao bando.
Um pouco pela ambigüidade da vida dos cangaceiros – que às vezes atuavam como justiceiros, auxiliando os pobres, um pouco por contarem com o auxílio de coronéis a quem prestavam serviços, um pouco pela incompetência das autoridades locais, bem como pelo descaso do Governo federal, a vida de crimes do bando de Lampião prosseguiu por mais seis anos.
Afinal, o bando foi cercado na fazenda de Angicos, em Sergipe, onde estavam acampados. Foram pegos de surpresa e muitos não conseguiram escapar. Entre eles Lampião e Maria Bonita. Os cangaceiros foram decapitados e suas cabeças ficaram expostas no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, até 1968.
A imagem de herói e justiceiro com que se idealizou os cangaceiros, introduzindo-os em nosso folclore não corresponde à realidade. Assim como os outros cangaceiros, Lampião era cruel e sanguinário e agia em benefício próprio e de seus compadres.
educacao.uol.com.br/biografias

Maria Bonita

Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita (Paulo Afonso, 8 de março de 1911[1] — 28 de julho de 1938) foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.
Maria Bonita nasceu em 8 de março de 1911 no sítio Malhada da Caiçara, do município de Paulo Afonso na Bahia. Depois de um casamento frustrado, em 1929 tornou-se a mulher de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conhecido como o “Rei do Cangaço”. Continuou morando na fazenda dos pais, mas um ano depois foi chamada por Lampião para fazer efetivamente parte do bando de cangaceiros, com quem viveria por longos oito anos.
Com o cangaceiro, Maria Bonita teve uma filha de nome Expedita e teve também três abortos. Morreu em 28 de julho de 1938, quando foi degolada ainda viva pela polícia armada oficial (conhecida como “volante”), assim como Lampião e outros nove cangaceiros.
Fonte-esquivaoxossi
Nenhum comentário:
Postar um comentário